2006 - Exposição colectiva - "13 Artistas | Arte Digital"
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De 3 a 19 de Agosto de 2006:
A Galeria Municipal de Montijo organizou e apresentou duas exposições:
"13 Artistas | Arte Digital" e "Novas Simbologias | Actuação e Limites".
A primeira, de carácter abrangente, reúne autores, que de algum modo participaram do início
da Arte Digital em Portugal: Américo Silva e João Menéres; a par de uma geração intermédia:
Ana Rosário Nunes, Mário Cabrita Gil 6/7,Vasco Azevedo e Silva e de outros mais jovens
autores, que apreenderam e diversificaram esta herança: Andreia Neves Nunes, Catarina
Araújo, D'Aguiam, Paula Nobre, Ricardo Castro, Rute Rosas e Tânia Araújo.
Assim, as propostas apresentadas, darão conta ainda que não exaustivamente, do que tem
sido a evolução da Arte Digital em Portugal, no campo da Fotografia Digital, Instalação e
Instalação Vídeo.
A segunda exposição, procura reflectir sobre o conceito de novas simbologias (v.
interdependência com um pensamento de matriz abstracta)- inspirador, causa e consequência
de uma civilização do computador e que tende a substituir as qualidades do vivente, por um
certo imanentismo espiritualista.
Inclui, para além de quase todos os artistas já citados: Albertina Mântua, Jaime Silva, Gonçalo
Ruivo, Lúcia Vasconcelos, Paiva Raposo e Catarina Cabral - que em áreas como o Desenho,
Pintura e Fotografia analógica, constituem polo de esclarecimento e fundamentação desta
exposição.
Com a sua matriz no concreto, o pensamento analógico, de cariz relacional, suporta a nossa
vivência quotidiana, permite estabelecer ligações entre o homem e mundo circundante.
Pressupõe a valorização do olho e do olhar, a importância da mão. Porque, evidentemente, o
domínio do fazer
preexiste ao pensar.
Vivemos hoje, no que se convencionou designar: civilização da imagem, mas na verdade,
podemos reconhecê-la como de: inflacção da imagem.
Deveríamos falar de inter-relação exacta, segundo o modelo de especialização progressiva do
nosso cérebro, entre o ver e o pensar. Estamos, no entanto, submersos em apriorismos
estatísticos, valorações, cálculos e previsões.
Pela manipulação da imagem, adquirem os artistas presentes nestas exposições, uma liberdade
interrogativa, que se vivencia nos seus trabalhos.
Manifestam,uma aguda consciência do corpo próprio ou do outro, entendido como próximo e
distante. Reflectem sobre o conceito de identidade. Avançam pelos domínios do inconsciente
em desenhos que pelo visível revelam o invisível; ora reentendem os fundamentos do acto
perceptivo; ou problematizam o quadro como domínio da imagem discreta, em plena
comunicação intersubjectiva.
Olhares cruzados e interrogações várias, são pois o núcleo que fundamenta estas exposições,
das quais se extrairão ilações diversas.
Para mim, há que repensar o humano como humano; que re-situar o vivido, a existência, no que
ela tem de mais forte: o não-numerável, o acaso, a indeterminação.
Viver, simplesmente.
Pintor Jaime Silva
Comissário das exposições
Julho de 2006