DO ESPAÇO E DO TEMPO 

Esteve em exposição  na biblioteca da FCT/UNL campus de Caparica. De Novembro a Março de 2009.

Em Março de 2010 esteve presente na Semana Internacional do Cérebro .

 

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os limites do humano

 

MCG é um fotógrafo de pessoas, sempre se confrontou com os outros.

O olhar é o meio que nos permite esse confronto, através dele estabelecemos as pontes que desenhamos entre nós e o nosso exterior. E onde amarram essas pontes que incessantemente lançamos? Nos rostos e nos corpos, deles e nossos, num processo de infinitos reenvios e salas espelhadas.

Um dia, o fotógrafo que registou o rosto inquieto de uma geração concreta (A Idade da Prata, Galeria Cómicos, Lisboa, 1986) ou a melancolia de uma cidade que acaba lentamente (O Entardecer em Alfama, Arquivo Municipal de Lisboa, lisboa, 2000) ou a beleza sem disfarce de um par adâmico (inicialmente integrado como arte pública no programa da Lisboa 1994, Capital Europeia da Cultura, Lisboa, 1994, posteriormente apresentado na exposição Discursos, Galeria Novo Século, Lisboa e Banco de Portugal, Leiria, 1999) ou o labirinto anónimo e fragmentar da humanidade (In Sinu Matris, exposição e instalação, Galeria Municipal do Montijo, 2005) ou, integrando também este último projecto, o confronto do seu próprio corpo.

Mas talvez MCG tenha sido mais exigente consigo mesmo que com os outros, talvez o fascínio documental que lhe suscitam os retratos, o fascínio sensorial que lhe sugere a nudez ou a inquietação que se desprende da uniformidade dos corpos sejam insuficientes para cumprir o desejo de se conhecer a si mesmo. Por isso ele procura em si a última fronteira do corpo com o seu exterior e mesmo o interior do corpo como fronteira de onde não se pode recuar.

Como é que através da imagem de uma superfície (um rosto, um corpo) se consegue alcançar toda a densidade de uma personagem, o peso das histórias que moldaram a humanidade? Em que medida o corpo nu real se torna um modelo abstracto e geral (In Sinu Matris, instalação, ibidem)? Mas, mais ainda, de que modo, depois dele, existe um corpo por debaixo da pele, por debaixo ou dentro dos ossos que estão debaixo da pele? Em que medida, o que existe por dentro de tudo isso, o que existe dentro de tudo isso, ou seja, dentro do corpo, pode ser metáfora de uma interioridade que vive mais das palavras que a descrevem, das imagens literárias, que das imagens visuais que a mostram? Em que medida, registar as imagens do cérebro em funcionamento nos pode conduzir à consciência de que estamos a ver um ser psicologicamente complexo, aterrorizado com a morte, libertado pelo amor, fechado na sua casa, aberto ao mundo?

É o especial dispositivo de montagem desta exposição (a surpreendente espiral de Fermat) que, de modo agudo e inteligente, dá sentido à  sequência temporal que, em si mesmas, estas imagens já revelam. É ao percorrermos o espaço ocupado pela espiral do tempo, que se enovela e se desenrola (nos prende e nos liberta e de novo nos prende) que melhor percebemos o objectivo que MCG pretende alcançar: revelar através de um testemunho neutro (uma sucessão de imagens científicas) a dimensão subjectiva de qualquer corpo, a sua simultânea imensidão e pequenez.

Partindo de si próprio enquanto modelo, procurando o seu corpo (eliminando o que nele nos podia distrair da sua essência, atravessando-o, mergulhando nele) e, na matéria do seu corpo, os significados profundos do seu destino, MCG rapidamente deixa para trás a revelação de uma identidade individual, de um retrato ou, mais ainda de um auto-retrato, e rapidamente se aproxima de uma matriz universal, de uma medida ou de um cânone. As máquinas científicas que registam as imagens substituindo a máquina fotográfica, os computadores que ajudam a tratar e sequenciar as imagens, são instrumentos complementares de um discurso verbal sobre os limites da humanidade e do humanismo, criam um poderoso discurso visual que consegue delimitar o Homem no Universo (em relação a si em relação aos outros; em relação ao fluir das coisas). Essas imagens fazem-nos perceber como nos deslocámos no tempo e no espaço, parecem vindas de um passado estelar. Aquele Homem, cuja imagem é dividida em finas secções pela faca virtual de uma máquina de ressonância magnética revela-nos o fundo dos tempos: chega de um momento inicial, liso, limpo, em expansão; mas a sua imagem, multiplicada e presa no circuito infinito da Espiral de Fermat, desvenda os tempos deste futuro confuso e em retracção em que nos encontramos.

 

João Pinharanda

Lisboa, 29SET09

 

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Espaço e Tempo

Do Espaço e do Tempo

 

Espaço e Tempo são duas dimensões que a Física moderna correlacionou de uma forma imaginativa e inesperada. Tão surpreendente, que estimulou não só o mundo científico mas os outros mundos literários e artísticos. Espaço e Tempo ligam o “dentro e o fora”: o universo interior e o universo exterior.

 

O ser humano resulta de etapas de conjugação de elementos químicos em arquitecturas que vão adquirindo maior complexidade, construídas sob o “olhar atento” de um plano director (DNA) que impõe ordem à desordem: em oposição, a morte é o retorno à desordem. Este plano está ligado a espaço-tempo: ao tempo de criar e evoluir e ao espaço de confinação, através da criação de estruturas (“membranas”) que permitem recriar espaços “dentro e fora”. Todo o mundo interno e externo é um contínuo de “in/out” - dentro e fora do núcleo celular, da célula, do órgão, do tecido, do organismo ... dentro e fora do planeta Terra, do Sistema Solar, da Via Láctea em colisão com a galáxia Andrómeda... A expansão e contracção do universo são resultados da expressão temporal-espacial, da ordem e do caos, e do conceito de retorno... a existência de um ritmo, de ciclos...

 

Mário Cabrita Gil propõe nesta exposição um olhar de “fora para dentro” do corpo humano, onde as estruturas complexas do cérebro e suas formas nos desafiam a um olhar atento. O fotógrafo/artista entra em “ressonância” com o universo envolvente e escrutina a natureza, as estruturas e as formas. Espaço e tempo estão aqui presentes, de um modo mais imediato pela observação da localização dos tecidos e dos fluxos de fluidos, e indirectamente no assumir da dimensão tempo de uma forma consciente ou inconsciente. Por isso a instalação é muito mais arrojada do que pode parecer ao olhar incauto, pois implica também uma reflexão sobre a percepção do mundo interior e exterior baseado na aplicação de novas tecnologias (Imagiologia Médica) – uma proposta de ver o mundo onde estamos e para além dele.

 

 

José Moura

Director da Biblioteca

 

Data, 2009

 

 

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DO ESPAÇO E DO TEMPO

Instalação na Biblioteca da FCT/UNL campus de Caparica. Imagens obtidas numa máquina de ressonância magnética e impressas em placas de policarbonato alveolar. Ocupa um rectângulo com 11metros por 9,5 metros, altura 2,40 metros.

 

Autoria

Mário Cabrita Gil

 

 

Coordenação

José Moura

Ana Alves Pereira

Anabela Seita

 

Colaboração

António Câmara - Ydreams

Mário Forjaz Secca - FCT/UNL

 

Agradecimento

Ressonância Magnética - Caselas

 

Execução

Formiga  Luminosa                

                                 

 

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Mário Cabrita Gil

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